domingo, 15 de outubro de 2023


Por lapso, não citei a fonte, da publicação anterior: Súplica poema de Miguel Torga, publicada em:

 https://poesiaspreferidas.wordpress.com/


Peço desculpa, pelo incidente.


 

Súplica

 


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de costume 

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria…
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Outono

Este ano o Outono, está a brindar-nos com dias solarengos e com temperaturas quentinhas.

Convida a tarefas no jardim e nas hortas.

Há sempre que fazer.


É uma boa época, para se multiplicarem as suculentas, enraizando-as em água ou plantando-as em

vaso ou diretamente no jardim. 


Se optarmos pelo jardim, podem-se fazer canteiros com variedades diferentes, que resultam sempre

 muito bem e fazem um efeito maravilhoso. 

Um cesto pendente é sempre uma boa opção, principalmente quando o espaço é reduzido.

Deixo-vos as minhas dicas e desejo que vos sejam úteis.

 Até ao próximo artigo.


Fotos da Net.

publicado por: mpureza

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Povo - poema de Pedro Homem de Melo

Povo

Povo que lavas no rio,
Que vais às feiras e à tenda,
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão,
Pode haver quem te defenda,
Quem turve o teu ar sadio,
Quem compre o teu chão sagrado,
Mas a tua vida, não!
Meu cravo branco na orelha!
Minha camélia vermelha!
Meu verde manjericão!
Ó natureza vadia!
Vejo uma fotografia...
Mas a tua vida, não!
Fui ter à mesa redonda,
Bebendo em malga que esconda
O beijo, de mão em mão...
Água pura, fruto agreste,
Fora o vinho que me deste,
Mas a tua vida, não!
Procissões de praia e monte,
Areais, píncaros, passos
Atrás dos quais os meus vão!
Que é dos cântaros da fonte?
Guardo o jeito desses braços...
Mas a tua vida, não!
Aromas de urze e de lama!
Dormi com eles na cama...
Tive a mesma condição.
Bruxas e lobas, estrelas!
Tive o dom de conhecê-las...
Mas a tua vida, não!
Subi às frias montanhas,
Pelas veredas estranhas
Onde os meus olhos estão.
Rasguei certo corpo ao meio...
Vi certa curva em teu seio...
Mas a tua vida, não!
Só tu! Só tu és verdade!
Quando o remorso me invade
E me leva à confissão...
Povo! Povo! eu te pertenço.
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida, não!
Povo que lavas no rio,
Que vais às feiras e à tenda,
Que talhas com teu machado,
As tábuas do meu caixão,
Pode haver quem te defenda,
Quem turve o teu ar sadio,
Quem compre o teu chão sagrado,
Mas a tua vida, não!
Pedro Homem de Mello, in "Miserere"